Desenvolvimento da fala como ajudar?
Desde o nascimento até os cinco anos de idade a fala da criança desenvolve-se consideravelmente. Abaixo listamos algumas das idades mais comuns nas quais estas mudanças costumam ocorrer.
1º MÊS – O bebê fica alerta quando ouve voz e acorda ou assusta-se com barulhos intensos.
2º MÊS – O bebê inicia a produção de uma grande variedade de sons vocais, e aumenta esta produção quando alguém conversa com ele. Acalma-se quando ouve voz, especialmente da mãe ou do pai, e dirige o olhar para objetos que produzem som.
3º MÊS –. Reconhece sons e sorri com vocalização.
4º MÊS – Consegue virar a cabeça lateralmente para procurar a origem de sons ou vozes e responde para expressões faciais como o sorriso.
5º MÊS – Por um reflexo pisca quando se assusta ou quando ouve sons altos e repentinos.
6º MÊS – Consegue virar a cabeça diretamente para a direção do som que ouve, além de realizar vocalizações quando alguém conversa com ele e repetí-las quando deseja.
7º MÊS – A partir deste período a audição torna-se mais importante ainda!
8º MÊS – Começa a compreender as primeiras palavras. Já consegue balbuciar palavras de uma sílaba. Exemplo: “ma” para mamadeira ou mamãe.
9º MÊS – Consegue falar palavras de duas sílabas. Exemplo: “mama/papa” para mamãe/papai. Inibe-se ao escutar “não”. Imita jogos gestuais como jogar beijo, dar tchau, e outros.
10º MÊS – Compreende ordens simples acompanhadas de gestos indicativos.
11º MÊS – Além de imitar, também inicia jogos gestuais.
12º MÊS – Compreende cerca de 50 palavras. Surgem as primeiras palavras usadas para representar uma frase inteira. Exemplo: “aua” para “mamãe quero água”. Fala o nome de objetos conhecidos. Exemplo: “au au” para cachorro.
14º MÊS – Consegue falar cerca de 4 a 6 palavras.
16º MÊS – Fala cerca de 10 palavras, e já sabe apontar partes do corpo.
18º MÊS – Fala cerca de 50 palavras, começa a combiná-las para formar frases simples. Exemplo: “qué aua” para “mamãe me dá água”
20º MÊS – Período de grande expansão da fala. Já consegue produzir cerca de 150 palavras.
22º MÊS – Compreende ordens complexas sem auxílio de gestos. Usa corretamente “eu/você”.
24º MÊS – Fala cerca de 200 palavras ou mais, as frases tornam-se mais complexas.
3 anos – Aumenta o número de palavras conhecidas. Já é capaz de narrar pequenas histórias.
4 anos – Começa a produzir os sons mais difíceis da língua portuguesa, por exemplo o som do R.
5 anos – Apresenta uma fala de fácil entendimento, conta fatos de maneira ordenada e comunica-se perfeitamente bem através da fala.
Como posso contribuir para que a aquisição da fala ocorra de forma rica e completa?
O ALEITAMENTO MATERNO é um importante estímulo para o crescimento ósseo e o desenvolvimento das funções orais, dentre elas a FALA, uma vez que fortalece a musculatura do rosto do bebê! Se possível, mantenha-o!
MASTIGAR é fundamental na determinação do desenvolvimento e equilíbrio dos ossos, dentes, músculos e articulações, estrutura essa que influencia diretamente na FALA. Introduza diferentes consistências alimentares na idade adequada.
Os BICOS ARTIFICIAIS – por exemplo mamadeira e chupeta – se mantidos por um longo período de tempo podem interferir negativamente no crescimento e desenvolvimento das estruturas do crânio e face, ocasionando futuros distúrbios de fala e alterações nos dentes. Para que isso não aconteça estes hábitos devem ser retirados até, no máximo, os dois anos de idade. Ainda assim, quando for necessário, opte por bicos ortodônticos, e evite perfurá-los além do furo original.
Converse com a criança sempre de frente e na mesma altura dela. Certifique-se de que ela está olhando para o seu rosto. Caso contrário, alerte-a para que olhe para você. O CONTATO VISUAL é essencial para a aprendizagem dos movimentos da boca durante a fala.
VALORIZE A FALA da criança Quando ela estiver falando, não a interrompa nem demonstre falta de interesse. Espere até que ela termine a própria fala e só então inicie a sua. Quando ela iniciar diálogos, dê continuidade. Faça perguntas, acrescente informações, mostre que você se interessa pelo que ela tem a dizer.
Quando não compreender a fala da criança, peça para que ela repita. Ajude-a com novas perguntas sobre o assunto, por exemplo: Como? Onde? Quando? E quando a criança produzir alguma palavra de forma incorreta, auxilie-a dando a ela o MODELO DE FALA correto: repita o que ela disse da maneira correta, e peça para ela também repetir. Pode ser que a criança não consiga na primeira tentativa, mas com o passar do tempo melhora cada vez mais sua produção.
EVITE falar com a criança de modo infantilizado. Também não imite ou ache graça da maneira como a criança fala quando esta não for a correta. Da mesma forma, gestos ou apontamento em excesso, ou ainda interpretar a intenção da criança antes que ela a expresse podem interferir negativamente no desenvolvimento da fala. Evite!
Quando a criança quiser algo, espere até que ela peça isso verbalmente. Para que ela conheça os nomes, aproveite as atividades do dia a dia para NOMEAR objetos, alimentos, partes do corpo, meios de transporte, cores, etc. Use onomatopéias, e brinque de imitar barulhos, por exemplo, dos animais. Ao fazer as imitações, explore os sons altos, baixos, grossos e finos.
EXPLORE A BOCA, permita à criança descobrir o que tem lá dentro e suas diversas possibilidades para a produção de som. Abuse dos espelhos, lanternas, escovas de dente, pirulitos, sabores de diferentes alimentos. Faça brincadeiras que utilizem o sopro: bolinha de sabão, apitos, cata-vento, sopra-bolinhas etc, ajudam na capacidade respiratória para a fala. Coloque a língua pra se mexer, imite movimentos de língua pra cima, pra baixo, pros lados. Estale imitando o cavalo, tloc, tloc, tloc, vibre imitando o carro, brrrr…
Faça BRINCADEIRAS que estimulem a linguagem oral: contagem de histórias, teatrinho de fantoches, casinha, boneca, carrinho, músicas, charadas, trava-línguas, rimas e parlendas para os maiores.
Se você percebe que o desenvolvimento de fala da sua criança não está acontecendo da forma esperada, não deixe de procurar um profissional. Só ele é capaz de confirmar se há um atraso, descobrir as possíveis causas e orientar sobre como proceder.
Flávia Renata Machado Bernardes – Fonoaudióloga – CRFa 17.628